sábado, 2 de dezembro de 2017

é madrugada. devagarinho esperei, meio corpo debruçado sobre a vida inteira, que o poema surgisse. que a distância do meu corpo às horas impossíveis fosse o grito que antecede o fim - ténue. 
na pele, reverbera a memória que arde quando penso o tempo, desaprendidos 
os 

[meus] 

vazios na tentativa do sonho. os medos devorados pelas veias devastadas no fluxo 
dos 

[teus]

olhos.
esperei, meio corpo debruçado sobre o amanhecer contínuo, a vida que me deixa sempre num improviso - no côncavo das mãos, no sopro ao meu ouvido.
um dia, meio corpo debruçada sobre o futuro, confundirei pele e água, ritos e acordares contigo nos lábios. olharei a vida, em que me debruço 

[meio corpo], 

entre os silêncios de gestos parados.

[meio corpo], 

debruçada no percurso esperado, vou escrever-te todos os amanheceres, todos os abraços que me deste ao vento, todos os sorrisos atabalhoados de emoções. tudo o que desaprendi no eco da minha garganta - em cada palavra, o teu nome respirar - todos os dias, tantos dias, um dia 

[este dia]

vou amar-te sempre e escrever para dentro de ti a anatomia do silêncio

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