terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Saber o que és, dizer o teu corpo,
 ouvir-te num breve instante,
 dizer o que é amor sem o dizer,
 tirar de mim um poema que te cante;

 e ver passar-te por entre os dedos
 o fio de luz que prende os teus olhos,
 e vê-lo enrolar-se em segredos
 quando a tua voz o apaga e acende;

 tocar-te os lábios num fim de verso,
 ver-te hesitar entre sorriso e mágoa,
 perguntar se o teu rosto tem reverso,

 e ter nele uma transparência de água:
 é o que vejo em ti no cair de véu
 em que me dás a terra que vale o céu.

 Nuno Júdice

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