sexta-feira, 20 de abril de 2018

não me peças para explicar que há um caminho e também uma espera - depois das horas, antes do tempo. não vou explicar,

[por favor, não me peças para explicar]

que te (re)conheco no mundo que acontece dentro dos versos. 

[a distância entre as palavras é lavrada na pele das mãos]

 tu sabias - e disseste-me- os ecos deitam-se nos cantos e acontecem em simultâneo, a noite é um país habitado onde se desenham lugares menos solitários, onde se prolonga a inquietação para além de todo o tempo.

eu sei -  e disse- te - que as minhas mãos deveriam adormecer nas tuas, no fim de todas as coisas, no fim de todos os gestos.

não me peças para o explicar do corpo leve na dobra dum lençol, com cheiro de mar e ventos, dos movimentos das palavras escritas no lado quente das mãos

[do entornar dos segredos num debruçar d'horas]

não me peças para explicar a melancolia deste desejo feito azul, a corrente da maré-prenha do entardecer e a memória - fogueira acesa. e porque ficámos nus, nos detalhes por onde caminhamos.



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