O que as mulheres querem, diz a Addonizio, é um vestido vermelho, um vestido vermelho para desfilar rua abaixo,  já que um vestido nunca se desfila rua acima, um que passe pelos cestos de morangos e maçãs da frutaria, pela loja de conveniência do paquistanês, pelas mortalhas  e raspadinhas  da tabacaria, pela porta do café onde, dentro, uma velha come torradas e, fora, um homem fuma um cigarro, um vestido vermelho que deixe um pequeno, mas significativo rasto de fogo posto, um pequeno, mas significativo manifesto de poder.

Maria Belo