sábado, 15 de dezembro de 2018

Dorme,meu amor,que o mundo já viu morrer mais este dia e eu estou aqui,de guarda aos pesadelos. Fecha os olhos agora e sossega - o pior já passou há muito tempo;e o vento amaciou;e a minha mão desvia os passos do medo.Dorme,meu amor - a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste e pode levantar-se como um pássaro assim que adormeceres.Mas nada temas:as suas asas de sombra não hão-de derrubar-me - eu já morri muitas vezes e é ainda da vida que tenho mais medo.Fecha os olhos agora e sossega - a porta está trancada;e os fantasmas da casa que o jardim devorou andam perdidos nas brumas que lancei no caminho.Por isso,dorme, meu amor,larga a tristeza à porta do meu corpo e nada temas:eu já ouvi o silêncio,já vi a escuridão,já olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui, de guarda aos pesadelos - a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres. MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA

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