sábado, 15 de dezembro de 2018

O Outono come a sua folha da minha mão: nós somos amigos. Nós descascamos o tempo às nozes e ensina-mo-lo a andar: o tempo retorna à casca. No espelho é domingo, no sonho dorme-se, a boca fala a verdade. O meu olhar desce até ao sexo da amada: nós olha-mo -nos, dizemos coisas obscuras, ama-mo-nos como papoila e memória, dormimos como o vinho nas conchas, como o mar no clarão sangrento da lua. Estamos abraçados à janela; eles olham-nos da estrada: é tempo de saber! Tempo para que a pedra resolva florescer, para que um coração bata inquieto, É tempo de ser tempo. É tempo. Paul Celan

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