sábado, 11 de novembro de 2017



( a Bica é linda )
abraçar as noites que entram por dentro da memória. rascunhos de mim, incompletos, atados ao inimaginável da sombra do que lhes escapa. a lonjura da pele permeável onde habitamos há demasiados séculos.

[saber como respirar, saber como silenciar o silêncio]

demora-se (n)a queda
desenha-se (n)a partida ao peito
descose-se (n)as noites não dormidas

[saber dos peitos que se confundem, saber dos gemidos que se desalinham]

trazer asas nos bolsos sempre que fecho os olhos e falar-te de voar. desabituar-me do penoso exercício do ensaio de palavras que escorrem em ternura. verter nas veias lágrimas, a memória dos teus lábios que sobrevive. acelerar o batimento dos dias enquanto se vendem os medos

[saber como silenciar a sofreguidão, saber como respirar a pele]

desengane-se (n)a vontade de inscrever nas veias
decomponha-se (n)o desejo de parar o rumor incessante do mar
desvanece-se (n)a pertença suspensa no fio do momento

[saber aprender a rendição do coração, saber esperar a deriva do corpo]

soletrar que sem ti as noites permanecem muito para além da escuridão, muito para além da palavra, do respirar do tempo, do beijar do silêncio no coração.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

há dias em que se respira no avesso de um voo. em que o coração gira [entre mãos], enquanto se desconstrói o eu - na pele - à luz.
há dias em que uma mão invisível toma posse dos pulmões. e respirar é um tempo de silêncio.
há dias em que invento maneiras simples de te escrever. de estender o braço e ficar o teu corpo ao alcance da mão. como se cada gesto fosse uma história à espera de ser inventada.
há tempos de procura. do tempo em que rir era um impulso - como mergulhar- nas veias onde corre um mar imenso. das palavras por desenhar nos dias de ausência
e hoje é também isto.a casa que são as minhas mãos nos teus cabelos. as palavras que juravam voar quando soltas dos teus dedos. que se guardam na saudade que marca as linhas do rosto.
há dias em que não há lá fora
há, aqui. um tempo que se fez de novo lá atrás. onde corremos ao lado do vento
e se beija um poema no silêncio

(e só quem lá esteve entenderá)




o que faço é sonhar pelos poros da pele, quando o teu sorriso me desagua nas mãos
O Movember (Moustache + November) é um movimento que começou em 2003, na Austrália e expandiu-se pelo mundo, inclusive nos Estados Unidos e Reino Unido. Durante o mês de Novembro de cada ano, o Movember é responsável pelo surgimento de bigodes em milhares de rostos de homens em todo o mundo. Com os seus bigodes, buscam consciencializar e chamar a atenção sobre a saúde dos homens, especialmente sobre o câncer de próstata e a depressão masculina e para arrecadar fundos e doações para a luta contra o cancro da próstata. Até o ano passado, já foram arrecadados fundos em valor considerável, repassados a instituições e fundações ligadas ao tratamento do cancro, pacientes e pesquisas sobre a doença.

"To Change the Face of Men's Health"

Quer participar? Basta inscrever-se no site da fundação Movember (http://www.movember.com/) e deixar o bigode crescer, apenas o bigode, até o fim do mês, como se fosse um símbolo da saúde masculina.

Durante este período, pode colocar fotos do processo e arrecadar doações de qualquer parte do mundo. Participe!
Não importa o país ou cidade, o Movember continuará a trabalhar para mudar hábitos e atitudes que os homens têm sobre sua saúde, para educá-los sobre os riscos de saúde que enfrentam, incentivando a procurar o conhecimento, aumentando assim as chances de diagnóstico precoce, e tratamento eficaz.

#praise_the_onde
#Movember
#mês azul


quarta-feira, 8 de novembro de 2017


in Contos do Gin-Tonic
de cada vez que digo: há um poema nas palavras que não se importaram em pensar-te enquanto te espero. que escrevem o teu nome. há um poema nos labirintos traçados, devagar, sobre a pele. no desmembrar dos silêncio. nos olhos como margens do mar em que nos afogamos.

[são palavras que sopras entre as pálpebras?]

ainda há pouco dizia:  a boca que deixas cair tão cheia de vento. que se despenha no meu peito. a boca onde me deposito, abandonada, como um pássaro de fogo.

 [os dedos alinhados, o ar da tua boca quando te respirava]

queria ter dito: entre nós o tempo desenha-se assim, devagar. sem o nome da pressa. inverte-se o gesto do peito rasgado pela vida. paramos de falar, o ar a faltar... é o mar onde cabem todos os caminhos dos sonhos. morro-me no grito quando as tuas mãos queimam o sangue, quando se passeiam em mim dessa maneira. sinto-o nas veias, o precipício do corpo urgente - pela carne e pelo peso.

 [demora as mãos um pouco mais]


e é sempre a primeira vez que os gestos acontecem, a sul dos olhos que descobrem.