sábado, 25 de novembro de 2017

era uma vez duas palavras que são como lugares mal situados: "estás presa", diziam-lhe - "deixaste o coração muito para lá dos dedos". 

[no corpo crescem segredos das horas que constrangem. a rasgar as certezas quando as tuas mãos se agitam em saudade no meu peito.]

as palavras, à solta, que são os tons da tua voz que ainda não sei como escrever, nesta morada sem tempo. persistir entre a realidade dos dias e a promessa do mar imenso - a ânsia das marés, a escrever que nada importa. 

e que tudo o que existe se suspende na poesia da tua boca.
tudo recomeça no desejo através dos mesmos dedos - saltar entre a realidade dos dias e a promessa do mar imenso, do remanso do meu corpo.
saber do que nos habita. escrever os meu olhos no teus, escrever tudo o que é (in)finito no ser. 
por vezes caía. tropeçava nos sonhos em fila de espera. a memória a queimar o peito, a ficar sem pele. a deixar de sentir. 
escreverei então sobre o desassossego, quando me percorres os silêncios e me transformo em nascente


quinta-feira, 23 de novembro de 2017


Vinícius de Moraes & Tom Jobim

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

[são 06.02 de um dia qualquer - como qualquer outra madrugada...]

por mais que corra por mais que aguarde
quando sei de mim, é esse o tempo em que as horas se rendilham nos bilros de todos os lugares doridos,
onde respiro vento, mar, naufrágios e esquecimento. 
onde os tendões se azulam  e prendem todos os poemas, palavras e madrugadas, a desaparecer entre as linhas.

um dia – e tudo muda. (o coração acorda, e a memória também)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

alimento-me de histórias que se contam - em cada parágrafo uma sílaba, em cada olhar a respiração.
alimento-me do silêncio que me rasga com unhas famintas, numa calma cheia de erros - a ternura nas palavras onduladas pela tua boca.
peço sempre por favor em cada encontrão do vento, nas horas cosidas que demoram em voltar, quando digo que não existe o viver sem ti.
abraça-me e diz-me que tudo o que se cola à pele rima com o medo. que a ternura é a tristeza do que não se entende e que do lado duro da dor são os dias que não se aceitam..



[por enquanto, permeável e transparente, sílaba a sílaba
há o medo a rimar na ausência]


previsão do estado do corpo para hoje:
- os olhares perdem-se junto das árvores caducas
- sopra com toda a força o que nasce de um encontrão dum vento
- toda a paisagem que atravesso dá a volta ao mundo na ternura dos teus olhos
- choverá muito, eu sei, quando se desfazem as palavras ao ler-te na pele.
vejo os dias que se respiram em veias ardidas. os dias em que ritualizei promessas e, ao olhar o mar dentro da memória, esperei pelo amor - o amor por dentro das veias, o amor no corpo traçado, e o amor que se escreve em cinza e no silêncio.
à laia de drama, sacudi a poesia que se chama ausência. apaixonei-me pelos momentos que encerram palavras sólidas, pela turbulência dum coração que é terra, vidro e cama.
estou nua perante os teus olhos, perante a imensidão do indefinido e no madrugar das tuas mãos no meu corpo.