quarta-feira, 25 de março de 2020
deixei que fosses e os olhos, os olhos no bater das horas a transformarem-se em asas.
[a lembrar os silêncios dos minutos amurados, os silêncios a morrer no que se fragmenta. a encontrar a outra metade, a respirar palavras com dicção do cheiro a pele].
dói-me o peito.
esvazio-me nos segredos de uma pedra, que fala a língua do sussurro
[quando os ventos não sabem dos pássaros]
devagar abro o coração. arranco de mim a dor que enraíza no corpo a espera. as palavras que nunca escreveremos - entre nós - como se tudo fosse uma metáfora sem fim.
[entre isto e um mar a perder de vista, a ponte entre o silêncio e o nada. daríamos sempre pelo mais pequeno engano. as águas de gestos confundidos onde nos afogamos, os gestos das súbitas espera, perdidos nos ruídos da manhã.]
muitas vezes sinto nas mãos o calor do teu corpo inteiro. se fechar os olhos sinto-te dentro de mim. em vagas. sem me mexer. ardor nos olhos. os espamos dos músculos. o cheiro. o suor. as lágrimas. guardamos o sentido com a avidez do vazio, gaguejamos o segredo, língua a língua.
[é a minha voz, é a tua?]
nada existe - nada pode - nada prende, quando me lanço na tua pele onde respiro.
contigo sou completa. contigo que sabes do ontem e do caminho que significa não
nos ter em companhia nas horas perdida... e escrevo o lado quente das tuas mãos
terça-feira, 24 de março de 2020
o corpo. frágil na ternura do amanhecer, imita as horas em que o vento se escreve na pele.
devagarinho esperei que surgisse um poema no planar das aves.
é a brisa a escorregar por entre os dedos - todos os caminhos que vagueiam nas minhas mãos, são a imensidão do mar.
vou amar-te para sempre, disse, vou esperar que o amanhecer me devolva o exemplo das águas.
vou
e ser
domingo, 22 de março de 2020
segunda-feira, 16 de março de 2020
alimento-me de histórias que se contam - em cada parágrafo uma sílaba, em cada olhar a respiração.
alimento-me do silêncio que me rasga com unhas famintas, numa calma cheia de erros - a ternura nas palavras onduladas pela tua boca.
peço sempre por favor em cada encontrão do vento, nas horas cosidas que demoram em voltar, quando digo que não existe o viver sem ti.
abraça-me e diz-me que tudo o que se cola à pele rima com o medo. que a ternura é a tristeza do que não se entende e que do lado duro da dor são os dias que não se aceitam..
[por enquanto, permeável e transparente, sílaba a sílaba
o medo a rimar na ausência]
.
domingo, 15 de março de 2020
o teu corpo
o teu sorriso
o meu corpo enroscado no teu sorriso
é a nudez coberta de memórias
[permitir que o destino nos encontre, nesta noite que me brilha nas mãos]
o meu corpo. frágil na ternura do amanhecer, imita as horas em que o vento se escreve na pele.
devagarinho esperei que surgisse um poema no planar das aves.
é a brisa a escorregar por entre os dedos - todos os caminhos que vagueiam nas minhas mãos, são a imensidão do mar.
vou amar-te para sempre, disse, vou esperar que o amanhecer me devolva o exemplo das águas.
vou...
e ser.
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