quarta-feira, 29 de novembro de 2017


há chegadas que são como pedras a adquirirem alma. antecipam-se, como os sonhos que se abrem aos nossos olhos. onde tudo se resume ao eco do teu respirar em mim. das mãos, das tuas mãos finalmente nas minhas - en-tre-la-ça-das. como em trança se reduziu o nosso abraço. 

há a memória dos sorrisos em que flutuámos nesses dias, leves com os corpos em água e sal. e lembro-me que existiu muito mais do passar das horas, quando o desejo e a vontade habitava os nossos dedos.

olha aqui as minhas mãos e a minha boca - disseste-me. traduzidas em palavras. cada uma delas costurada por mim, com o cuidado dos pontos. as mesmas que ando a despejar, uma a uma pelo silêncio, quando tudo se atrofia perante a tua ausência. 

o sussurro macio do vento, dos poemas feitos com as sobras do desejo, no olhar a perder-se de vista nos pássaros a sobrevoar o rio. os segredos a subirem na curva ondulada do meu pescoço, sublimes., a rasgar-me em profunda melancolia.

ai e eu tenho tantas saudades, meu amor. dos teus beijos. no meu pescoço.

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