domingo, 31 de dezembro de 2017

Quando chegaste anunciavas-te como o melhor ano do ano, e é verdade que vinhas rotulado como o melhor de todos, com prémios de fotogenia e de simpatia nos concursos de San Remo e de Vancouver, de que alguns - poucos - prontamente desconfiaram.

Às primeiras andanças da elíptica já todos sentíamos que o odor do teu perfume era afinal Old Spice e que lias Chagas Freitas às escondidas na casa-de-banho. Daí, até descobrirmos que eras batidinho nas caixas de comentários do Correio da Manhã, foi um tirinho.

Não precisavas disso, 2017! Não precisavas de andar a espalhar a tua vida social de copos com os artistas, nem essa presunção de que irias trazer contigo a Madonna. Estamos um bocado cansados desse pedantismo pá!

Só queríamos um ano justo, tipo XS, um ano justíssimo para os que precisam e para aqueles que se esforçam. Um ano que não se preocupasse em limpar o suor do rosto, que olhasse nos olhos, rua-a-rua, café-a-café, feira-a-feira, riso-a-riso, mão-a-mão. Um ano de consolação. Não precisavas ser histórico ou da sorte, bastava-nos que fosses sincero e honesto.

Ano que é ano deixa as recordações simples de um abraço, de uma mão que ajuda, de um contemplar das Perséiades a rasgar o céu estrelado num acampamento. Tivesses sabido perdoar mais vezes e estaríamos um pouco mais contentes.

Um ano dos verdadeiros acaricia as rugas dos mais velhos enquanto protege as crianças, e deixa sempre um bocadinho de céu para nos aconchegarmos. Os verdadeiros chegam ao fim cansados, de roupa suja e desbotada. Esses sim, são os anos!
Quando são assim somos mais gratos, mais nós. Melhores.

Podes partir agora, 2017!

Precisamos de um ano que exista para além dos areópagos, dos templos, das cortes e dos avanços tecnológicos. Um ano mundial que chegue antes do tempo e que traga com ele um abraço um pouco mais demorado porque mais sentido, que segure na mão e que fique para escutar.

Vem depressa, 2018!
Dele já se diz à boca fechada que é filho bastardo do sonho.

Paulo Marques

Feliz Ano Novo!

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