sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

foi naquele preciso momento em que ela não estava à espera, que lhe deu uma coisa, assim - a vida a entrar de mansinho, a colorir um eco, a apetecer-lhe cortar o céu num voo de paixão.
foi sem mais nem menos, sem um pré-aviso até, a pele arrepiada no corpo a arder no desalinho das palavras, a humedecer as linhas das mãos. sem iludir o desejo. as certezas sacudidas em ventos agitados. o tempo da chegada sem ter que ter respostas.
apaixonou-se. apaixonou-se à séria, de paixão à cova, de coração descompassado - tum-tum, tum-tum - apaixonou-se pela pele que lhe dá guarida. com a vertigem do que se adia, de olhos desmesurados de assombro.
apaixonou-se assim, sem mais nem menos, o sorriso rasgado de espanto, os versos salientes no parapeito onde escrevia a outra palavra, como quem diz: amor

ela perdidamente apaixonada, a preponderância sem o medo de ser. a sentir correr à flor da pela as esperas dum tempo que não lhe pertence.

apaixonou-se e o mundo é todo o medo dum caminho solitário, que não nos avisa quando nem quem.

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